O que quer uma mulher? Pela Psicóloga em Vitória, ES – Giuliana de Paula

A célebre pergunta de Freud ao escutar as mulheres ressoa como uma pista que, no contemporâneo, ganha ainda mais força e atualidade. Ao se deparar com a dificuldade de conceituar a estrutura psíquica do feminino, Freud lança a interrogação: “O que quer uma mulher?” — revelando o enigma que o feminino apresenta. Freud se dá conta que não há um referencial fixo que dê conta do feminino; há aberturas, lacunas, espaços de não saber. O falo, enquanto significante central da teoria, não basta para nomear o desejo e a existência das mulheres.

Hoje, observa-se o trabalho que é, para muitas mulheres, responder a essa pergunta para si mesmas. Às vezes, o obstáculo está já na dificuldade de se autorizar a fazer a pergunta: “O que eu quero?” Nesse ponto, a psicanálise ofereceu uma contribuição fundamental — criou-se um espaço onde o desejo feminino pode emergir, onde foi possível dar voz às mulheres.

Mas, mesmo tendo voz, ainda é difícil desbravar esse território. Muitas vezes, permanece-se girando em torno de referenciais prontos sobre o que é ser mulher, buscando-se neles uma resposta sobre quem se é. Até mulheres críticas, questionadoras, acabam, por vezes, aderindo a modelos de feminilidade — sejam eles tradicionais ou novos, mas ainda assim normativos. Na tentativa de escapar de um molde, cai-se em outro. A questão se complexifica ainda mais diante das variáveis socioculturais que atravessam a nossa brasilidade: marcada por uma colonização que atua como tônica formativa, cabe perguntar — em que lugar estão as mulheres? E que mulheres são essas, considerando as diversidades de classe, raça e território que nos constituem?

A clínica é um lugar onde essa pergunta pode reivindicar uma pausa — um tempo próprio para ser habitada. Muitas mulheres relatam a dificuldade de parar, inclusive para a própria análise. É preciso escutar isso com atenção: que obstáculo é esse à autorização de sustentar a pergunta? A pausa analítica pode ser justamente a chance de manter viva a interrogação, e, com ela, permitir que respostas singulares, inventivas, abertas sobre o que é ser mulher possam seguir sendo criadas — e recriadas.

Giuliana de Paula
Psicóloga
CRP 16 3606
Av. Anísio Fernandes Coelho, 1225 – Sala 202 – Jardim da Penha, Vitória – ES, 29060-670
Telefone(27) 99823-9455

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